Antes da chegada dos portugueses ao Brasil,
Paraty era habitada pelos indígenas Guaianás.
Já no início do
século XVI os portugueses descobriram a trilha feita pelos Guainás ligando as
praias de Paraty ao Vale do Paraíba, entretanto, o primeiro registro escrito
sobre a região está no livro “História verdadeira e descrição de um país de
selvagens…” (Marburgo, 1557), que narra a estadia de Hans Staden por quase um
ano em aldeias Tupinambás nas regiões de Paraty e de Angra dos Reis.
A primeira
construção do local foi uma pequena capela dedicada a São Roque padroeiro da
povoação em torno da encosta do morro.
Em 1636, Maria
Jácone de Melo fez a doação de um terreno para acomodar o povoado que estava
crescendo com a condição de que fosse erguida uma capela para Nossa Senhora dos
Remédios e de o aldeamento dos Guaianás não fosse afetado.
Estamos falando
sobre o que é hoje o centro histórico da cidade.
Em 1670, após
uma revolta liderada por Domingos Gonçalves de Abreu, o povoado alcança a
categoria de vila e torna a comunidade independente da sua vizinha Angra dos
Reis. Esse ato foi reconhecido por Afonso V de Portugal e a vila passa a se
chamar “Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty”.
O ciclo do Ouro
e Paraty
Em 1702 o
governador da capitania do Rio de Janeiro determinou que as mercadoria só
ingressariam na Colônia pela cidade do Rio de Janeiro, passando por Paraty e
seguindo para Minas Gerais pela antiga trilha indígena que fora pavimenta e
passou a ser conhecida como Caminho do Ouro.
Em 1710 houve a
proibição do transporte do ouro pela estrada de Paraty. Esse fato se deve,
principalmente pela construção “Caminho Novo” que ligava o Rio de Janeiro
diretamente a Mina Gerais.
Engenhos de
cana de açúcar e sinônimo de cachaça
No Século XVII
houve um crescimento no número de engenhos de cana de açúcar e na produção
local de cachaça . O número de engenhos passou de 250 e Parati passou a ser
sinônimo de cachaça.
Em 1820 a
região tinha 150 destilarias registradas. A produção artesanal da bebida
perdura até os nossos dias,
Paraty e o
ciclo do café e o tráfico de pessoas escravizadas
Para burlar a
proibição de tráfico de pessoas escravizadas, o desembarque de africanos passa
a ser feito na cidade de Paraty e as rotas que antes transportavam ouro,
passaram a transportar pessoas que foram escravizadas.
Pela mesma rota
passavam a produção cafeeira que começava a se desenvolver no Vale do Paraíba.
Em 1844, o
imperador D.Pedro II elevou a vila à cidade.
Com a chegada
da ferrovia de Barra do Pirai, a cidade de Paraty volta a sofrer um longo
período de abando, pois toda a produção cafeeira deixa de passar pela cidade.
Paraty ficou
esquecida e grande parte da população mudou-se para outras cidades. A cidade
ficou abandonada por décadas e foi justamente esse abandono que preservou a
arquitetura colonial da cidade.
A estrada Rio -
Santos desenvolve o Turismo na cidade
Em 1970 a
vocação turística da cidade é finalmente revelada e hoje é o segundo polo
turístico do estado e o 17º do país!
Hoje o turismo é
a principal atividade da região.
A arquitetura
de Paraty
Para começar eu
gostaria de falar sobre o tal calçamento “Pé de Moleque”:
Qualquer guia
da cidade vai te contar a história de que os navios não podiam vir vazios de
Portugal, por isso vinham com enormes pedras para fazerem lastro, isto é, eram
colocadas no fundo do navio para dar equilíbrio.
Quando chegavam
ao Brasil, essas eram retiradas e substituídas por ouro e tudo mais que tivesse
valor para a colônia.
Essas pedras
acabaram virando o calçamento da cidade, escadas de algumas casas, soleira de
portas e estão presentes em quase todos os locais em Paraty.
Mas voltando ao
calçamento das ruas de Paraty, há muitas lendas sobre o calçamento Pé de
Moleque.
Alguns afirmam
que os escravos colocaram as pedras de forma irregular para poderem escapar com
facilidade de seus senhores, uma vez que andavam descalços; outros afirmam que
era para que as mulas não atolassem com carregamentos de ouro e pedras
preciosas em dias de chuva e não levantasse poeira em dias de sol.
Entretanto,
tudo não passa de especulação, pois não há sequer registro de que as pedras
realmente vieram de Portugal.
Outra coisa
curiosa sobre a cidade é que ela está ao nível do mar, então, nas noites de lua
cheia ou lua nova, as águas do mar invadem as ruas da cidade em alguns pontos.
Apesar de ser
curioso, já é bastante difícil andar pelo calçamento “Pé de Moleque”, então,
imagina caminhar por ele alagado!
A cidade
possuía um arruador (pessoa encarregada para organizar as ruas da cidade). Esse arruador, que se chamava Antônio
Fernandes da Silva, foi o responsável pelo traçado "torto" das ruas e
desencontrado das esquinas, sobre os quais há muitas explicações.
Segundo ele próprio, esse traçado foi
feito para evitar o vento encanado nas casas e distribuir equitativamente o sol
nas residências.
Outra
explicação é que as ruas foram dispostas dessa maneira para defender a cidade,
assim quando houvesse uma invasão pirata, os inimigos nunca saberiam se tinha
alguém esperando no final do percurso. Concluindo, é muito fácil se perder em
Paraty.
As ruas do
centro histórico foram todas dispostas de Leste para o Oeste e do Norte para o
Sul.
Por ter sido
urbanizada por Maçons, Paraty e sua
arquitetura majestosa está envolta em mistérios. A maioria dos sobrados tem as
janelas pintadas de branco e azul da maçonaria simbólica.
Outro sinal da
presença maçônica são os três pilares (cunhais) de pedra lavrada, encontrados
em algumas esquinas, que, segundo diz o povo, foram colocados para formar o
triângulo maçônico. Talvez isso explique as ruas "entortadas" do
arruador.
As colunas das ruas de Paraty formam um pórtico, uma à direita e outra à
esquerda da porta de entrada das casas, ou seja, a mesma função de informar ao
visitante que ali mora um maçom, que certamente daria todo o apoio necessário.
Mas a
simbologia está muito mais presente em Paraty do que podemos imaginar. Outro
exemplo típico é a proporção dos vãos entre as janelas, em que o segundo espaço
é o dobro do primeiro, e o terceiro é a soma dos dois anteriores; isto é,
A+B=C, ou seja, a soma das partes é igual ao todo, que se resume no retângulo
áureo de concepção maçônica.
Até as plantas das casas, feitas na escala 1:33.33, têm a marca da simbologia
dos maçons, desta vez da Ordem Filosófica, cujo grau máximo é o de nº 33. Este
número é uma referência muito forte.
Paraty possui 33 quarteirões e, na administração municipal da época, existia o
cargo de Fiscal de Quarteirão, exercido por 33 fiscais.
No Oriente de Paraty existe apenas uma Loja Maçônica, fundada em 1883 e filiada
à Grande Loja ARLS "União e Beleza nº 88", que tem como Mestre o
Irmão Carlos Alberto da Silva Pinheiro, empresário paratiense. A União e Beleza
é bem atuante e realiza um eficiente trabalho social e comunitário.
Segundo Carlos Alberto, a antiga Loja Maçônica União e Beleza foi fundada no
início do ano de 1700 e, posteriormente, filiou-se ao Grande Oriente Brasil.
Consta que essa loja era muito forte, mas não existem registros acerca da sua
atuação de fato.
Os desenhos geométricos nas laterais das casas também são marcas da maçonaria na cidade e indicam o status do proprietário.
Em algumas casas,
é possível encontrar abacaxis nas varandas. A fruta era sinônimo de status,
riqueza e prosperidade.
O primeiro
padroeiro de Paraty foi São Roque, um santo místico e esotérico que percorreu o
caminho Santiago de Compostela.
Leia também:
As atrações da cidade de Paraty
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