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terça-feira, 6 de outubro de 2020

Conhecendo Paraty


 



    Antes da chegada dos portugueses ao Brasil, Paraty era habitada pelos indígenas Guaianás.

    Já no início do século XVI os portugueses descobriram a trilha feita pelos Guainás ligando as praias de Paraty ao Vale do Paraíba, entretanto, o primeiro registro escrito sobre a região está no livro “História verdadeira e descrição de um país de selvagens…” (Marburgo, 1557), que narra a estadia de Hans Staden por quase um ano em aldeias Tupinambás nas regiões de Paraty e de Angra dos Reis.

    A primeira construção do local foi uma pequena capela dedicada a São Roque padroeiro da povoação em torno da encosta do morro.

    Em 1636, Maria Jácone de Melo fez a doação de um terreno para acomodar o povoado que estava crescendo com a condição de que fosse erguida uma capela para Nossa Senhora dos Remédios e de o aldeamento dos Guaianás não fosse afetado.

    Estamos falando sobre o que é hoje o centro histórico da cidade.   

    Em 1670, após uma revolta liderada por Domingos Gonçalves de Abreu, o povoado alcança a categoria de vila e torna a comunidade independente da sua vizinha Angra dos Reis. Esse ato foi reconhecido por Afonso V de Portugal e a vila passa a se chamar “Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Paraty”.

    O ciclo do Ouro e Paraty

    Em 1702 o governador da capitania do Rio de Janeiro determinou que as mercadoria só ingressariam na Colônia pela cidade do Rio de Janeiro, passando por Paraty e seguindo para Minas Gerais pela antiga trilha indígena que fora pavimenta e passou a ser conhecida como Caminho do Ouro.

    Em 1710 houve a proibição do transporte do ouro pela estrada de Paraty. Esse fato se deve, principalmente pela construção “Caminho Novo” que ligava o Rio de Janeiro diretamente a Mina Gerais.

    Engenhos de cana de açúcar e sinônimo de cachaça

     No Século XVII houve um crescimento no número de engenhos de cana de açúcar e na produção local de cachaça . O número de engenhos passou de 250 e Parati passou a ser sinônimo de cachaça.

    Em 1820 a região tinha 150 destilarias registradas. A produção artesanal da bebida perdura até os nossos dias,

    Paraty e o ciclo do café e o tráfico de pessoas escravizadas

    Para burlar a proibição de tráfico de pessoas escravizadas, o desembarque de africanos passa a ser feito na cidade de Paraty e as rotas que antes transportavam ouro, passaram a transportar pessoas que foram escravizadas.

    Pela mesma rota passavam a produção cafeeira que começava a se desenvolver no Vale do Paraíba.

    Em 1844, o imperador D.Pedro II elevou a vila à cidade.

    Com a chegada da ferrovia de Barra do Pirai, a cidade de Paraty volta a sofrer um longo período de abando, pois toda a produção cafeeira deixa de passar pela cidade.

    Paraty ficou esquecida e grande parte da população mudou-se para outras cidades. A cidade ficou abandonada por décadas e foi justamente esse abandono que preservou a arquitetura colonial da cidade.

   A estrada Rio - Santos desenvolve o Turismo na cidade

    Em 1970 a vocação turística da cidade é finalmente revelada e hoje é o segundo polo turístico do estado e o 17º do país!

   Hoje o turismo é a principal atividade da região.

    A arquitetura de Paraty

    Para começar eu gostaria de falar sobre o tal calçamento “Pé de Moleque”:

    Qualquer guia da cidade vai te contar a história de que os navios não podiam vir vazios de Portugal, por isso vinham com enormes pedras para fazerem lastro, isto é, eram colocadas no fundo do navio para dar equilíbrio.

   Quando chegavam ao Brasil, essas eram retiradas e substituídas por ouro e tudo mais que tivesse valor para a colônia.

    Essas pedras acabaram virando o calçamento da cidade, escadas de algumas casas, soleira de portas e estão presentes em quase todos os locais em Paraty.

    Mas voltando ao calçamento das ruas de Paraty, há muitas lendas sobre o calçamento Pé de Moleque.

    Alguns afirmam que os escravos colocaram as pedras de forma irregular para poderem escapar com facilidade de seus senhores, uma vez que andavam descalços; outros afirmam que era para que as mulas não atolassem com carregamentos de ouro e pedras preciosas em dias de chuva e não levantasse poeira em dias de sol.

    Entretanto, tudo não passa de especulação, pois não há sequer registro de que as pedras realmente vieram de Portugal.

    Outra coisa curiosa sobre a cidade é que ela está ao nível do mar, então, nas noites de lua cheia ou lua nova, as águas do mar invadem as ruas da cidade em alguns pontos.

    Apesar de ser curioso, já é bastante difícil andar pelo calçamento “Pé de Moleque”, então, imagina caminhar por ele alagado!

    A cidade possuía um arruador (pessoa encarregada para organizar as ruas da cidade).     Esse arruador, que se chamava Antônio Fernandes da Silva, foi o responsável pelo traçado "torto" das ruas e desencontrado das esquinas, sobre os quais há muitas explicações.

    Segundo ele próprio, esse traçado foi feito para evitar o vento encanado nas casas e distribuir equitativamente o sol nas residências.

    Outra explicação é que as ruas foram dispostas dessa maneira para defender a cidade, assim quando houvesse uma invasão pirata, os inimigos nunca saberiam se tinha alguém esperando no final do percurso.     Concluindo, é muito fácil se perder em Paraty.

 

    As ruas do centro histórico foram todas dispostas de Leste para o Oeste e do Norte para o Sul.

    Por ter sido urbanizada por Maçons, Paraty e sua arquitetura majestosa está envolta em mistérios. A maioria dos sobrados tem as janelas pintadas de branco e azul da maçonaria simbólica.

    Outro sinal da presença maçônica são os três pilares (cunhais) de pedra lavrada, encontrados em algumas esquinas, que, segundo diz o povo, foram colocados para formar o triângulo maçônico. Talvez isso explique as ruas "entortadas" do arruador.

As colunas das ruas de Paraty formam um pórtico, uma à direita e outra à esquerda da porta de entrada das casas, ou seja, a mesma função de informar ao visitante que ali mora um maçom, que certamente daria todo o apoio necessário.

    Mas a simbologia está muito mais presente em Paraty do que podemos imaginar. Outro exemplo típico é a proporção dos vãos entre as janelas, em que o segundo espaço é o dobro do primeiro, e o terceiro é a soma dos dois anteriores; isto é, A+B=C, ou seja, a soma das partes é igual ao todo, que se resume no retângulo áureo de concepção maçônica.

Até as plantas das casas, feitas na escala 1:33.33, têm a marca da simbologia dos maçons, desta vez da Ordem Filosófica, cujo grau máximo é o de nº 33. Este número é uma referência muito forte.

Paraty possui 33 quarteirões e, na administração municipal da época, existia o cargo de Fiscal de Quarteirão, exercido por 33 fiscais.

No Oriente de Paraty existe apenas uma Loja Maçônica, fundada em 1883 e filiada à Grande Loja ARLS "União e Beleza nº 88", que tem como Mestre o Irmão Carlos Alberto da Silva Pinheiro, empresário paratiense. A União e Beleza é bem atuante e realiza um eficiente trabalho social e comunitário.

Segundo Carlos Alberto, a antiga Loja Maçônica União e Beleza foi fundada no início do ano de 1700 e, posteriormente, filiou-se ao Grande Oriente Brasil. Consta que essa loja era muito forte, mas não existem registros acerca da sua atuação de fato.

                                        

    Os desenhos geométricos nas laterais das casas também são marcas da maçonaria na cidade e indicam o status do proprietário.

    Em algumas casas, é possível encontrar abacaxis nas varandas. A fruta era sinônimo de status, riqueza e prosperidade.

    O primeiro padroeiro de Paraty foi São Roque, um santo místico e esotérico que percorreu o caminho Santiago de Compostela.





          Leia também:

    Roteiro de Paraty 

As atrações da cidade de Paraty  

O que fazer em Paraty



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